Polícia investiga se ossada humana encontrada no Sertão da Paraíba pertence a mulher que desapareceu há 6 meses

Uma descoberta perturbadora mobilizou autoridades policiais no Sertão da Paraíba nesta terça-feira (15). Restos mortais humanos foram localizados no Sítio Timbaúba, zona rural de São João do Rio do Peixe, e podem pertencer a uma jovem que desapareceu em circunstâncias suspeitas há aproximadamente seis meses. O caso, que inicialmente era tratado como desaparecimento, evoluiu para investigação de feminicídio após evidências coletadas pela Polícia Civil.
Samira Pereira Bandeira, de apenas 20 anos, foi vista pela última vez em abril deste ano no município vizinho de Marizópolis. Desde então, familiares viveram meses de angústia sem qualquer notícia sobre seu paradeiro. A ossada encontrada apresenta características que coincidem com o perfil da vítima, entretanto, a confirmação definitiva dependerá de análise científica por meio de exame de DNA.
O crânio localizado no sítio apresenta perfuração compatível com disparo de arma de fogo, reforçando a hipótese de crime violento. Ademais, as vestimentas encontradas junto aos restos mortais foram reconhecidas por parentes próximos da jovem, que afirmaram serem as mesmas roupas que Samira usava no dia em que desapareceu.
O que levou ao desaparecimento de Samira Pereira?
A trajetória de Samira estava marcada por um relacionamento conturbado. A jovem foi casada com Alexsandro Coelho de Melo, de 41 anos, com quem teve três filhos. O término dessa união, porém, não significou o fim dos problemas. Segundo investigações conduzidas pela autoridade policial responsável pelo caso, o delegado Tadeu Maia, o homem não aceitava o fim do relacionamento.
Medidas protetivas de urgência haviam sido expedidas pela Justiça em favor de Samira, determinando que o ex-companheiro mantivesse distância da jovem. Estas medidas judiciais são concedidas quando há ameaça concreta à integridade física ou psicológica da vítima. Contudo, tais determinações não foram suficientes para evitar a tragédia que possivelmente se concretizou.
Durante a última interação com familiares, em abril, Samira não demonstrou sinais de que planejava viajar ou ausentar-se por período prolongado. Seu desaparecimento súbito imediatamente levantou suspeitas entre pessoas próximas, que acionaram as autoridades policiais.
Como as investigações evoluíram para feminicídio?
Inicialmente classificado como caso de desaparecimento, a investigação tomou rumo diferente conforme testemunhos foram coletados. O delegado Tadeu Maia revelou que depoimentos indicam que Alexsandro teria confessado o crime a membros de sua própria família. Segundo esses relatos, o homem afirmou ter escondido o corpo da vítima em local que jamais seria descoberto.
“O caso era tratado inicialmente como hipótese de desaparecimento. Mas as investigações evoluíram e hoje existem elementos, indícios, da prática de feminicídio”, declarou o delegado responsável. Essa evolução investigativa baseou-se não apenas nas confissões relatadas, mas também no histórico de violência doméstica e no descumprimento das medidas protetivas.
A mudança de classificação do caso tem implicações importantes tanto do ponto de vista criminal quanto simbólico. O feminicídio, qualificadora incluída no Código Penal brasileiro em 2015, reconhece que assassinatos de mulheres motivados por questões de gênero, violência doméstica ou menosprezo à condição feminina constituem crime hediondo, com penas mais severas.
Quem era o principal suspeito do crime?
Alexsandro Coelho de Melo figurava como único investigado pelo desaparecimento e possível morte de Samira. Com 41 anos, ele construiu relacionamento com a jovem quando ela ainda era bastante nova, resultando no nascimento de três crianças. Após a separação, testemunhas relataram comportamento possessivo e ameaçador por parte dele.
A prisão do suspeito ocorreu em agosto, três meses após o desaparecimento da jovem. As autoridades reuniram elementos suficientes para fundamentar a custódia, principalmente baseando-se nos depoimentos sobre as confissões que ele teria feito. Alexsandro foi recolhido ao sistema prisional, especificamente à Colônia Penal Agrícola localizada no município de Sousa.
Porém, em setembro, apenas um mês após sua detenção, o homem foi encontrado morto dentro da unidade prisional. As circunstâncias de sua morte também estão sendo apuradas pela Polícia Civil, que investiga se houve envolvimento de terceiros ou outras causas. Este desfecho adiciona camada de complexidade ao caso, já que o principal suspeito não poderá mais ser julgado pelos crimes que lhe eram atribuídos.
Por que a confirmação da identidade é importante?
Embora as roupas tenham sido reconhecidas e o local de descoberta esteja relativamente próximo à região onde Samira desapareceu, apenas o exame de DNA pode confirmar cientificamente que a ossada pertence à jovem. Este procedimento compara material genético coletado dos restos mortais com amostras de referência fornecidas por familiares próximos, geralmente pais ou irmãos.
A confirmação oficial é fundamental por diversas razões. Primeiramente, proporciona encerramento para a família, que poderá realizar procedimentos funerários adequados e iniciar processo de luto. Além disso, do ponto de vista legal, a identificação positiva fortalece o conjunto probatório do caso, vinculando definitivamente o crime ao suspeito já falecido.



