Homem Morto Pela Leoa: Um jovem de 19 anos perdeu a vida no domingo (30) após ser atacado por uma leoa no Parque Arruda Câmara, conhecido como Bica, em João Pessoa. Gerson de Melo Machado, apelidado de Vaqueirinho, escalou uma parede de mais de 6 metros e invadiu o recinto do felino durante o horário de funcionamento do zoológico.
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O Instituto de Polícia Científica identificou oficialmente a vítima. Inicialmente, as circunstâncias pareciam configurar apenas um caso isolado de invasão. Entretanto, a verdadeira história de Gerson revela uma trajetória marcada por abandono e transtornos mentais que poucos conheciam.
Por que Gerson invadiu a jaula da leoa?
Visitantes presenciaram o momento em que o jovem subiu pela estrutura lateral do recinto. Posteriormente, ele utilizou uma árvore como apoio para acessar o espaço onde estava a leoa. Vídeos captados pelos presentes mostram toda a sequência do ocorrido.
A Prefeitura de João Pessoa informou que o rapaz superou rapidamente todas as barreiras de segurança. Ademais, o parque seguia normalmente suas atividades desde às 8h da manhã quando o incidente aconteceu.
Vida de Gerson antes da tragédia
A conselheira tutelar Verônica Oliveira acompanhou Gerson durante oito anos. Segundo ela, o jovem acumulava mais de 10 ocorrências policiais e sonhava em cuidar de leões na África. Consequentemente, sua obsessão por felinos não era novidade para quem o conhecia.
Gerson chegou ao sistema de proteção aos 10 anos, encontrado sozinho na BR pela Polícia Rodoviária Federal. Além disso, sua mãe desenvolveu esquizofrenia e perdeu o poder familiar sobre ele e seus quatro irmãos. Diferentemente dos outros filhos, Gerson nunca foi adotado.
“Gerson, meu menino sem juízo… Quantas vezes, na sala do Conselho Tutelar, você dizia que ia pegar um avião para ir a um safári na África cuidar de leões”, relembrou a conselheira Verônica Oliveira. “Você ainda tentou. E eu agradeci a Deus quando aeroporto me avisou que você tinha cortado a cerca e entrado no trem de pouso de um avião da Gol.”
Quem era responsável pela segurança do parque?
O médico veterinário Thiago Nery explicou que a leoa possuía treinamento específico para situações de emergência. Dessa forma, foi possível retirar o animal do local sem uso de armas de fogo ou tranquilizantes.
“O animal é condicionado, então ele passa gradativamente, anualmente, por treinamentos e esse treinamento garantiu que conseguiu colocar esse animal de volta sem uso de arma de fogo, sem uso de tranquilizante, de dardo, e aí ele obedeceu, foi pra dentro do seu recinto. Obviamente que teve uma demora porque o animal estava muito estressado e em choque também”, explicou o veterinário.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba criará uma comissão técnica para avaliar as condições do parque. Paralelamente, as atividades permanecem suspensas até a conclusão das investigações.
Por que a história de Gerson mexe com a sociedade?
A conselheira tutelar destacou que poucas pessoas conheciam o verdadeiro passado do jovem. Sobretudo, sua trajetória evidencia falhas no sistema de proteção e abandono familiar. Sua avó também apresentava transtornos mentais, limitando as opções de cuidado familiar.
“Eu nunca consegui ver você como as redes sociais te pintavam. Eu conheci a criança destituída do poder familiar da mãe, impedido de ser adotado como os outros quatro irmãos”, desabafou Verônica Oliveira.
O caso expõe questões delicadas sobre saúde mental juvenil e acompanhamento de menores em situação de vulnerabilidade. Principalmente, revela como estigmas sociais podem obscurecer histórias humanas complexas.
Como o parque lidou com a situação?
As autoridades evacuaram imediatamente o zoológico após o incidente. Posteriormente, tanto a Polícia Militar quanto o Instituto de Polícia Científica iniciaram as investigações. A Prefeitura manifestou solidariedade à família da vítima e garantiu que o espaço cumpre normas técnicas de segurança.
A leoa permanece sob acompanhamento de biólogos, zootecnistas e veterinários. Certamente, a equipe técnica monitorará o animal nas próximas semanas devido ao estresse causado pelo episódio.
O Parque da Bica não possui previsão de reabertura. Finalmente, as investigações determinarão se houve falhas nos protocolos de segurança ou se o caso configura uma situação excepcional de invasão intencional.
A história de Gerson de Melo Machado transcende um simples caso de invasão. Efetivamente, representa um grito silencioso de uma juventude abandonada pelo sistema e incompreendida pela sociedade. Sua obsessão por leões talvez fosse sua forma de buscar o cuidado e proteção que nunca encontrou entre humanos.
